segunda-feira, 27 de abril de 2009


Saber Amar
Paralamas do Sucesso

A crueldade de que se é capaz
Deixar pra trás os corações partidos
Contra as armas do ciúme tão mortais
A submissão às vezes é um abrigo

Saber amar
É saber deixar alguém te amar
Há quem não veja a onda onde ela está
E nada contra o rio
Todas as formas de se controlar alguém
Só trazem um amor vazio

Saber amar
É saber deixar alguém te amar

O amor te escapa entre os dedos
E o tempo escorre pelas mãos
O sol já vai se pôr no mar

Fonte: Site Vagalume
Àlbum: Vamos Batê Lata

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Conto...

É impressionante como as coisas mais simples nos ensinam tanto!
Vivendo por aqui aprendo muito a cada dia que passa...

... e ela aparece na porta, arrumando os cabelos grisalhos com grampos de metal. Vestia uma saia surrada por tantas lavagens, uma blusa fina, bege, de lã e, nos pés arrastava lentamente um chinelinho de couro.
A casa era simples, paredes descascadas pelo tempo, imagens de santos penduradas misturavam-se a calendários atuais e antigos. Guardanapos feitos por mãos de mãe, avó, bisavó, serviam de apoio a vasos antigos com flores de plástico coloridas. Uma cortina desbotada pelo tempo deixava alguns raios do sol bater no sofá coberto por lençóis e almofadas desvanecidas. No fogão a lenha, ainda restava o fogo que há alguns minutos atrás aqueceu o almoço do marido e dos dois filhos que há essa hora já haviam voltado à lida. Ao fundo, na pequena e velha televisão sobre um guardanapo de pano floreado, passavam imagens da novela da tarde embalada por uma melodia calma que se misturava aos latidos dos cachorros e aos cocoricós das galinhas.

No rosto, o semblante de surpresa pelo alimento que veio em boa hora, se misturava a um sorriso tímido de agradecimento. As mãos, cansadas e maltratadas pelo trabalho na roça. Algumas palavras e as mesmas mãos trêmulas nos acenavam em despedida, mas os olhos já brilhavam agradecidos pela esperança renovada e pela ajuda inesperadamente recebida.
Texto: Márcia Peruzzolo

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Liberdade...

Adorei esse texto escrito por Simone Higuchi. Ele consegue descrever coisas que sentimos e não temos coragem de falar. É uma deliciosa viagem à quebra de protocolos!
É a prova de que podemos colorir fora dos contornos.
Leiam e ousem nas cores!

Encontrei esse texto lendo o blog de uma amiga jornalista muito querida. Minha eterna colega de faculdade, Marilene Carvalho. Saudades!

Eu gosto do silêncio que fica no fundo azul da piscina, de lamber a tampinha do
iogurte.
Do som da respiração na música do cantor, de comer os pózinhos no
final do salgadinho. De ficar sem sapato. Não gosto de chinelos.
De dormir
de barriga pra cima. Eu falo dormindo.
De cantar no chuveiro, no carro, de
dançar no dia da limpeza. Gosto de filmes que fazem chorar, de tombos que fazem
rir, de me irritar com quem grita na minha orelha.
De perder a paciência. Às vezes.
De rir até chorar. Sempre. De mostrar que não sei de nada, de falar
que Eu sei de tudo.
Gosto de saia. De brilhos no cabelo, pintar as unhas de vermelho.
É uma respiração curta, mas parece ser o suficiente.

É a parte mais cremosa do doce. É a única hora de silêncio total. Eu gosto da bordinha da pizza, de roer o osso da bisteca.

De correr com os gatos e os cachorros, de espantar as pombas. De ver as pessoas andando, pensar no que elas podem estar pensando. Gosto de ficar escutando. Pensando. Sentindo. Sonhando. Entender.
Desentender. É quando se cria o eco, é quando eu fico sozinha, é dos poucos
momentos que sou eu mesma e mais ninguém.
Quando sinto porque sinto e somente sinto.

Texto: http://www.laranja-madura.blogspot.com/