quarta-feira, 22 de abril de 2009

Liberdade...

Adorei esse texto escrito por Simone Higuchi. Ele consegue descrever coisas que sentimos e não temos coragem de falar. É uma deliciosa viagem à quebra de protocolos!
É a prova de que podemos colorir fora dos contornos.
Leiam e ousem nas cores!

Encontrei esse texto lendo o blog de uma amiga jornalista muito querida. Minha eterna colega de faculdade, Marilene Carvalho. Saudades!

Eu gosto do silêncio que fica no fundo azul da piscina, de lamber a tampinha do
iogurte.
Do som da respiração na música do cantor, de comer os pózinhos no
final do salgadinho. De ficar sem sapato. Não gosto de chinelos.
De dormir
de barriga pra cima. Eu falo dormindo.
De cantar no chuveiro, no carro, de
dançar no dia da limpeza. Gosto de filmes que fazem chorar, de tombos que fazem
rir, de me irritar com quem grita na minha orelha.
De perder a paciência. Às vezes.
De rir até chorar. Sempre. De mostrar que não sei de nada, de falar
que Eu sei de tudo.
Gosto de saia. De brilhos no cabelo, pintar as unhas de vermelho.
É uma respiração curta, mas parece ser o suficiente.

É a parte mais cremosa do doce. É a única hora de silêncio total. Eu gosto da bordinha da pizza, de roer o osso da bisteca.

De correr com os gatos e os cachorros, de espantar as pombas. De ver as pessoas andando, pensar no que elas podem estar pensando. Gosto de ficar escutando. Pensando. Sentindo. Sonhando. Entender.
Desentender. É quando se cria o eco, é quando eu fico sozinha, é dos poucos
momentos que sou eu mesma e mais ninguém.
Quando sinto porque sinto e somente sinto.

Texto: http://www.laranja-madura.blogspot.com/